Ainda irei Fugir para Pasárgada!

Fugir para Pasárgada é tudo que no momento queria, Lá eu seria mais contente, A tristeza em mim nunca estaria, Não precisaria conviver com essa gente, Que consome minha alegria noite e dia! Ah!...como eu gostaria de Fugir para Pasárgada, Ficar longe de todos os amigos que hoje já estão ausentes, E no silêncio da madrugada, Lembrar das noites passadas, Que triste me deitava, Pensando naquele amor que sempre me sufocava, Que consumia minha alegria noite e dia! Lá em Pasárgada o sossego reinaria, Nada de responsabilidades e obrigações, Meu coração com certeza acalmaria, Não pensaria mais nessas paixões, Que consome minha alegria noite e dia! Meus inimigos não mais encontraria, Assim como, os chamados amigos para que contamos segredos, De todos eu me ausentaria, Por que sinto que sozinha nunca ficaria com medo... ...de ser quem eu sou, Cantar, dançar, gritar eu poderia, sem ser criticada por estar errada. Lá esse meu desespero morreria, Como uma gota que escorre na face molhada, Tudo isso que consome minha alegria noite e dia! Em Pasárgada tudo mais belo será, Viverei mais contente, Com tudo que lá vou encontrar. Talvez eu até me case, de repente, Com um bonito rapaz que encontre um dia, Tenha até filhos e uma casa bonita. Mas será só em Pasárgada, Onde tudo é perfeito, Onde nunca vou andar amargurada, E a tristeza nunca consiguirá dar um jeito... ...de minha alegria consumir, Noite e dia, até o dia parar de existir! Um dia ainda irei fugir para Pasárgada, Não sei como e nem quando, Vou andando pela estrada... ...procurando a alegria que está escondida junto com minha sorte, Ainda vou encontrar Pasárgada, Nem que seja depois da morte! Vanessa Souza Texto BASEADO no livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90 - Manuel Bandeira - Vou-me Embora pra Pasárgada